segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sustentabilidade: um trabalho de conscientização

Pequenas medidas podem fazer a diferença no padrão de vida

No corre-corre do dia-a-dia da sociedade capitalista vivemos em busca do tempo, tão escasso ultimamente. Acordamos ao som de buzinas dos carros que congestionam diariamente as grandes cidades. Esquecemos os meios alternativos de deslocamento e optamos pelos automóveis. É um vai e vem constante serpenteando entre os prédios das cidades, lotando ruas e avenidas em busca de alguns minutos a mais em nossos dias.

Esta realidade traduz o colapso do planeta, a falta de espaço físico para tantas máquinas e prédios. Respiramos um ar poluído, recebemos altas taxas de raios ultravioleta, devido ao imenso buraco causado na camada de ozônio. Árvores são raras de se encontrar e as poucas que restam encontram-se ameaçadas pela poluição e a expansão das cidades.

Muito se fala da falta de novos acessos, de adaptação das vias para melhorar o escoamento do trânsito e quase nada da necessidade de conscientização por parte dos cidadãos em preservar o meio ambiente. Deixar a comodidade de lado e fazer uso de transportes coletivos ou meios menos poluente, como o ciclismo ou a prática da caminhada raramente é discutida.

Envelhecimento com saúde e o amor pelo esporte foram uns dos motivos que levaram o médico nefrologista, Celso Lufchitz, a adotar um comportamento ecologicamente correto. “Criciúma é uma cidade muita compacta, tudo muito perto. Então eu vislumbrei que conseguia me deslocar para os meus locais de trabalho de bicicleta em três ou cinco minutos, enquanto as outras pessoas pegavam congestionamento. A bicicleta me ajuda demais”, destaca.

Lufchitz relata que adotou práticas autossustentáveis há seis anos. Inicialmente ia e voltava do trabalho correndo, e que com o passar do tempo adotou a bicicleta nos dias em que não chove.

A rotina de trabalho, que concilia em quatro lugares diferentes, segundo o médico, se tornou menos cansativa com o padrão de vida alternativo. “Saí do consultório. Foi um dia super pesado, de cabeça cheia. Agora já estou leve, pensando em fazer a minha corrida de hoje à noite”, compartilha Lufchitz, após cumprir as atividades diárias: duas horas de consultoria médica, atender pacientes durante as seções de hemodiálise da Nefroclínica, realizar as consultas particulares e as seções de litotripsia do Centro de Tratamento de Cálculos Renais de Criciúma.

Para o nefrologista, o problema do país é a falta de educação no trânsito. “Se eles te atropelarem você foi apenas mais um a ficar todo machucado. A lei não pune”. Segundo ele, os carros passam muito perto ameaçando a vida dos ciclistas e os pedestres não são respeitados. “Para andar de bicicleta tem de ser muito corajoso. Não tem pista, nem sinalização. Os motoristas acham que estamos atrapalhando o trânsito”, salienta Lufchitz.

Em 2010 o estado atingiu a marca de 39.677.200 veículos automotores registrados no Departamento de Trânsito de Santa Catarina, Detran-SC. Segundo o presidente da Autarquia Segurança Trânsito e Transporte de Criciúma, ASTC, Mauro César Sonego, a cidade precisou passar por melhorias para conseguir comportar o número de veículos circulando. “Implantamos o sistema de estacionamento rotativo, no qual o condutor paga uma taxa pelo tempo de permanência na vaga. O sistema de transporte coletivo passou por melhorias e uma nova frota de veículos foi adquirida”, destaca.

De acordo com Sonego, Criciúma não tem infraestrutura para comportar o fluxo de veículos diário da cidade. “Foi desenvolvido o Anel Viário Externo para desviar os transportes de carga e a via expressa do ônibus foi totalmente concretada para melhorar e aliviar o tráfego”, explica.

Entre os usuários do transporte coletivo, as queixas são diversas: super lotamento nos horários de pico, falta de lugares para idosos, adequação dos veículos para portadores de deficiência e más condições de alguns veículos. “Tem pouco ônibus e muita gente, demora muito para vir. Quando vêm um, vêm um atrás do outro. A gente tem de ficar muito tempo na parada esperando”, afirma a costureira Luiza Girai.

Sonego destaca que o transporte coletivo do município é modelo, pois conta com a Avenida Centenário, que liga os dois extremos da cidade, além do sistema de tarifas que permite circular entre um terminal a outro sem ter que pagar taxas adicionais. Em 2011, foi realizada a recuperação das placas de sinalização do trânsito para facilitar o deslocamento na cidade.


Para Lufchitz, o Brasil tem muito a aprender com outras nações. “Lá na Europa, por exemplo, o ciclismo é muito mais valorizado, muito mais respeitado. Um problema em Criciúma e no país como um todo é que o pessoal não tem educação no trânsito”, afirma o médico, ao defender que a mudança está nas mãos das futuras gerações. “Os meus filhos são muito rigorosos na separação de lixo, na prática sustentável e ecologicamente correta, porque já cresceram com esses hábitos, foram educados para isso”, completa.


Ouça parte da entrevista com Celso Lufchitz:



Por Daiana Carvalho

Renda extra e cidade limpa

O trabalho do catador de lixo garante o sustento da família




Nos países altamente industrializados, onde a maioria da população tem alto poder de consumo, uma família média produz uma tonelada de lixo por ano. A maioria consiste em papel de embalagens e desperdício de alimentos. Boa parte do lixo poderia ser reciclada e usada novamente.

Em diversas cidades brasileiras foram criadas cooperativas de catadores de lixo, que separam o material e vendem às indústrias recicladoras. Assim, eles colaboram para a limpeza das ruas e garantem uma renda fixa. Infelizmente nem todas as cidades possuem programas de reciclagem, como é o caso de Jaguaruna. Mas, apesar de não ter cooperativas, existem pessoas que realizam esse trabalho.

É o caso do catador Adenilson Vieira Damásio, 27 anos, funcionário da prefeitura de Jaguaruna, residente do loteamento Paulo Cruz. Ele faz diariamente coleta de lixo no centro da cidade e também no balneário Arroio Corrente há aproximadamente 10 anos. “Esse trabalho é muito importante para mim, pois eu realizo nas horas vagas e ajuda bastante a melhorar a minha renda”, destaca. O material coletado, na grande maioria papelão e plástico, é comercializado para compradores de Tubarão e, às vezes, de Criciúma. A renda extra adquirida nas horas vagas chega 200 e 300 reais por mês.




Na Câmara de Vereadores o assunto foi abordado por diversos edis. Um dos mais ferrenhos em apoiar a implantação de um centro de triagem para separar o lixo reciclável do orgânico é o vereador Geraldo Garcia (PP). “Se nós tivéssemos um centro de triagem no município, além de trazer mais empregos, estaríamos colaborando para manter a cidade mais limpa e ainda diminuindo os nossos gastos com transporte de lixo para o aterro sanitário”, destaca o vereador.

De acordo com dados da Vigilância Sanitária, atualmente no município de Jaguaruna, entre os meses de abril e dezembro, considerados de baixa temporada, são recolhidas mensalmente 180 toneladas no centro e comunidades próximas e 70 toneladas nos balneários. Entre os meses de janeiro e março são recolhidas 140 toneladas no centro e nas comunidades vizinhas e 850 toneladas nos balneários. O valor pago por tonelada para coleta e transporte do lixo é de R$ 95,76 nos balneários e R$ 93,70 no centro. Para o depósito no aterro sanitário, é pago R$ 83,00 por tonelada.

Por Vanderleia Pereira

Natal verde

Cidades ganham decoração de fim de ano com materiais reciclados

Antes mesmo de chegar às vésperas do Natal, todas as cidades do Brasil se preparam para enfeitar as ruas e entrar no clima da data do nascimento de Jesus. E nada mais justo que, em tempos de todos pensando em sustentabilidade, as decorações dos municípios serem feitas por completo de materiais recicláveis.

Desde o início do ano, Garopaba já preparava uma equipe que pudesse lidar com os materiais, desde sua coleta até o reaproveitamento, transformado por fim em matérias de decoração natalina. Foram arrecadadas garrafas pet e caixas de leite em escolas públicas. Rosa Cabral, autora da ideia, foi quem ficou responsável por escalar uma equipe de profissionais, bem como entregar um projeto que estivesse dentro do orçamento da cidade, à prefeitura. “Quando apresentei a ideia ao prefeito, fiz questão de enfatizar os três R’s que são a base do projeto: reduzir, reutilizar e reciclar. O projeto quer, além de decorar a cidade, levar uma consciência maior à comunidade”, frisa Rosa, que também é a coordenadora do Natal Cristo Luz de Garopaba.

Após o prefeito da cidade aprovar a ideia, tendo como base do projeto a contribuição para a melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade do município, começou a busca por um grupo para realizar o trabalho. A equipe é formada por cerca de 30 pessoas, que fazem parte de diferentes segmentos, mas que são moradores da própria cidade da Garopaba. O grupo de mães, junto com jovens portadores de alguma deficiência, donas de casa e cidadãos da comunidade em geral, são os responsáveis por confeccionar os enfeites.

Quando contatada, a idealizadora ficou surpresa com a possibilidade de divulgação do trabalho, pois já havia trabalhado anteriormente na decoração natalina sustentável em outra cidade, mas não tinha sido procurada por interesse jornalístico. “Sempre fui procurada para ser elogiada pelo projeto, mas nunca com o interesse de divulgar”. Ela conta ainda que desde os projetos anteriores, o grande sentido era aliar a decoração à preservação ambiental. Rosa sempre estimulou as pessoas a separar o lixo, e juntou tudo em uma ideia que poderia também valorizar os espaços públicos que não são ‘vistos’.

A autora define todo o projeto em uma simples frase, que tenta mostrar um pouco do trabalho que ela e uma equipe realizam. ”Garopaba este ano terá um Natal que vai além de decoração. Esperamos desvencilhar a data do comercial somente, vivenciando o amor, a troca e o respeito à sustentabilidade”. 

Por Rui Souza Neto

Destino certo para o lixo

Empresa de reciclagem contribui com o meio ambiente e movimenta a economia

Sustentabilidade, aquecimento global, proteção ao meio ambiente são algumas das palavras que se têm se ouvido com bastante frequência. E não é à toa. Uma palavra está relativamente ligada à outra. Juntas fazem muito sentido com o que se está vivendo nos dias atuais. A reciclagem e a reutilização de um material que poderia ir para o lixo, por exemplo, são as formas mais sustentáveis do mundo. Significam muito mais do que apenas produzir um novo. Significam, além disso, a geração de emprego e renda para muita gente. Um ato ecológico que contribui para diversos setores da economia e principalmente para o meio ambiente.          


Todos os dias são descartados cerca de 50% de lixo que poderia ser recuperado e reutilizado como matéria prima, na confecção de novos produtos. Em Santa Catarina várias cidades fazem a reciclagem de lixo.  No município de Laguna, a Louber Ambiental faz esse trabalho de reaproveitamento dos resíduos.

O processo da empresa começa na coleta de lixo nas ruas. Aquilo que é coletado é separado nos centros de triagem. Ali é feito o primeiro passo da reciclagem. Logo em seguida o material selecionado irá para lavagem. Depois de limpos e secos os resíduos são superaquecidos e transformados em polietileno. Esse é o ultimo passo. Depois segue para outras empresas que irão fabricar novos produtos. Tudo aquilo que não é aproveitado na reciclagem é descartado no aterro sanitário.




De acordo com uma pesquisa do site Planeta Sustentável realizada no ano passado, o Brasil reciclou nove bilhões de latas de alumínio, o equivalente a 121 mil toneladas. Isso significou 97,5% da produção nacional, o que torna o país campeão mundial na reciclagem do produto.

Para o proprietário do Grupo Louber Ambiental, Itamar da Silva Mattos, a empresa não é apenas focada no trabalho com a reciclagem, mas também na viabilização social. “Os catadores de lixo não tinham salários fixos, não tinham carteira assinada e não recebiam os benefícios que um trabalhador tem direito. Com intuito de minimizar agressões ao meio ambiente, criamos a Louber, que é referência de empresa que recicla”, salienta.

Os trabalhos na Louber Ambiental vão muito além da reciclagem de resíduos. Há várias parcerias que a torna uma empresa sustentável, fazendo seu papel em defesa do meio ambiente. “Fizemos parcerias com empresas de soluções ambientais e sindicato de postos de combustíveis, passando a atuar na limpeza da caixa separadora de água e óleo, e coleta de resíduos industriais perigosos, chamados de classe I, atendendo toda região de Santa Catarina”, explica Mattos.


No rosto de cada um, o trabalho e coragem de querer vencer na vida com consciência e respeito ambiental.



Ouça parte da entrevista:


Por Murilo Medeiros

Política ambiental em pauta

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei sancionada em agosto de 2010, e que entrou em vigor no dia primeiro deste ano, exige responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, o que abrange fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e também consumidores.

Com o objetivo de garantir a eficácia, o decreto estabelece infração administrativa ambiental nas situações de descumprimento das obrigações relacionadas à coleta seletiva e logística reversa. Ao cometer o desvio de conduta, em uma primeira vez, o consumidor estará sujeito à penalidade de advertência. Caso seja reincidente, ele poderá sofrer autuação e multa em valores que variam de R$ 50 a R$ 500.

De acordo com as novas regras, os envolvidos na cadeia de comercialização dos produtos, desde a indústria até as lojas, deverão estabelecer um consenso sobre as responsabilidades de cada parte.

Depois de utilizados, os produtos referidos e os seus resíduos (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) deverão ser devolvidos pelos consumidores aos fornecedores que, por sua vez, terão a missão de destiná-los de forma correta independentemente do sistema público de coleta de resíduos. Afinal, empresas e consumidores têm até o final desse ano para regularizarem suas situações, sobretudo onde é realizado os sistemas de coleta seletivo.

Mesmo diante da fase de implementação, a cidade de Tubarão tem números otimistas para apresentar. Na Cidade Azul são recolhidas aproximadamente 60 toneladas de lixo reciclável por mês. E realiza um trabalho de coleta seletiva em 90% dos bairros. Uma economia de cerca de R$ 5,4 mil aos cofres públicos.

Contudo, o Secretário de Urbanismo e Meio Ambiente, Carlos Ghislandi, ressalta a necessidade de educar a população sobre a importância de separar os dejetos. “Hoje é realizado um trabalho educativo em escolas, empresas, clubes de mães e de idosos. Contamos com o apoio do Ministério Público e do Sesc, entre outras instituições. E sabemos que conscientizar é fundamental, porque é com educação que se muda a atitude”.

Segundo Carlos, a meta é que a coleta seletiva abranja 100% de Tubarão. Durante todo o ano estivemos trabalhando para reeducar as pessoas. A partir do ano que vem, multas serão aplicadas a quem não se enquadrar. Paralelamente a isso, a prefeitura investe nas cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

Por Mariana de Medeiros

Equilíbrio com sustentabilidade e responsabilidade


Quando se fala em uso excessivo de agrotóxico, logo em seguida atribui-se a culpa aos agricultores, o que nem sempre é justo. Geralmente, os responsáveis estão distribuídos em toda sociedade, representada principalmente pelos consumidores. Em muitos casos, estes valorizam mais a aparência do que a qualidade dos alimentos. Mas também o governo tem responsabilidade por não adotar um sistema de gestão do uso de agrotóxicos tecnicamente mais adequados.

É preciso que o consumidor saiba que na agricultura tem vários sistemas de produção de alimentos com referência ao uso de agrotóxicos, conforme relata o engenheiro agrônomo Geraldo Boêger Eller. Entre esses sistemas estão o orgânico, o convencional de produção integrada, o convencional não integrado e não transgênico e o convencional transgênico.

De acordo com Eller, o sistema orgânico é aquele em que não se utilizam agrotóxicos e que proporciona a produção de alimentos com melhor qualidade nutricional, além de segurança alimentar e ambiental. É preciso que o consumidor entenda que o alimento orgânico não é mais caro que o alimento convencional. Apenas que possui um preço maior por quilo de produto, o que é compensado pela qualidade superior.

O integrado é um sistema convencional em que se utiliza agrotóxico, porém sempre respeitando a legislação. Os usos de diversas técnicas agronômicas permitem um bom controle no uso de insumos e eficiência técnica, com qualidade de alimentos e ambiental razoável.

O sistema convencional não transgênico é mais comum. Utilizam-se agrotóxicos e outras técnicas, porém não são usada sementes transgênicas. A qualidade dos alimentos é variável de acordo com o manejo adotado na lavoura.  O impacto ambiental é observado mais frequentemente.

Já o sistema convencional transgênico utiliza agrotóxicos disponíveis e considerados necessários, além de sementes transgênicas. A qualidade dos alimentos e o impacto ambiental são pouco conhecidos ainda e dependem de vários fatores, como clima, solos, manejo e outros.          

O consumidor precisa habituar-se a consumir alimentos com critérios de qualidade nutricional e reduzir o hábito de adquirir aquilo que é apenas mais bonito e mais barato. “Na minha casa consumimos de preferência sempre produtos orgânicos, valorizando a procedência e a sustentabilidade ambiental, diz a dona de casa Adelina Sartor Nandi.

Segundo o produtor rural Olírio Viel, a maioria dos problemas pode ser solucionada com medidas simples, como educação e fiscalização. Agricultores bem informados respeitando o meio ambiente e dando o destino certo das embalagens e com noção sobre efeitos dos agrotóxicos saberiam adquiri-los e aplicá-los de forma adequada. Enquanto isso, os órgãos governamentais competentes garantiriam os níveis corretos dos produtos de qualidade, com composição conhecida não contendo resíduos nocivos a saúde e gerando sustentabilidade, em agregação de valores entre emprego e renda familiar, explica.

Por Lindomar Bonelli

Além das ondas do rádio

A Rádio Bandeirantes faz o recolhimento de pilhas mensalmente

Há um bom tempo as pessoas conhecem cada vez mais o que venha a ser ‘sustentabilidade’. Não é mais difícil encontrar empresas que adotam medidas para um futuro mais sustentável. Exemplos não faltam. O mais comum, a coleta seletiva de lixo. Várias cidades pelo país e pelo mundo a adotam como uma forma de “organizar” o lixo de casas e estabelecimentos.

Do início ao fim do dia, no ir e vir, as pessoas vão deixando rastros: embalagens de biscoitos, de produtos de higiene, copinhos de café, sacolas plásticas, restos de alimentos, papeis e tantos outros vestígios que se perde a conta.

Dentre esses rastros, o descarte de pilhas é algo muito discutido. São mais de um bilhão de pilhas comercializadas no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). Assim como uma quantidade enorme chega às mãos do consumidor, uma quantidade também enorme sai das mãos do consumidor. E a grande maioria vai parar nas latas de lixo. Mas a pergunta que fica é ‘O que fazer com as pilhas usadas?’. Algumas empresas fazem esse tipo de reciclagem, onde os funcionários depositam as pilhas já usadas em garrafas pets.

A Rádio Bandeirantes de Tubarão é uma das empresas que adotou essa forma de sustentabilidade e faz o recolhimento de pilhas. Após recebimento, são enviadas para empresas responsáveis que dão o destino correto. E com isso não deixam que as mesmas prejudiquem o meio ambiente. Elas causam danos quase que irreparáveis dependendo de onde são depositadas. Em contato com a água e outros organismos vivos, os metais que compõe esse produto formam uma cadeia de contaminação. Causam um impacto maior na zona rural já que são bastante usadas pelos moradores do interior.

Para a funcionária da Rádio Bandeirantes, Simone Canalis, que é a responsável pelo recolhimento das pilhas, entregar o material para a reciclagem é a parte que qualquer pessoa ou empresa pode fazer. “Ao consumidor com consciência ecológica, um bom caminho é saber como é essa reciclagem, para que ela se torne uma realidade maior no futuro, além de conhecer um pouco melhor os produtos derivados”, explica.


Ouça parte da entrevista:


Por Laércio Botega

O futuro depende do seu olhar

Reciclagem de óleo conserva o meio ambiente e se transforma em biodiesel

Criado pelo governo do estado, o projeto “De óleo no futuro” visa ao recolhimento e ao destino correto do óleo de cozinha. São três processos que resultam na diminuição do impacto ambiental: coleta, reciclagem e beneficiamento do óleo.

O programa abrange o óleo vegetal de cozinha, um dos produtos mais utilizados nas residências, bares, hoteis e restaurantes na preparação de alimentos. Ele pode causar sérios danos ao meio ambiente se o seu destino após o uso não for adequado. Quando despejado na rede de esgoto, no ralo da pia, ou em algum outro local pode causar danos ao meio ambiente, como alteração do PH da água, morte de plantas e animais aquáticos, além de contaminar centenas de litros de água.

Na região do Vale, o projeto foi lançado pela Secretaria de Desenvolvimento Regional de Braço de Norte em março deste ano. Conta com a participação de escolas municipais e estaduais, incluindo o comércio e abrangendo a rede de restaurantes e lanchonetes. Nesses pontos de arrecadação, a empresa responsável faz a coleta e o óleo passa por um processo de beneficiamento e é transformado em biodiesel.

Na escola de Educação Básica Nossa Senhora de Fátima, de Rio Fortuna, participante do projeto, o que ainda falta é incentivo por parte dos alunos. “Na nossa escola estadual, são poucos os que trazem óleo para a coleta, por isso é preciso estimular os alunos. Vejo que é necessário por parte do governo criar estratégias de estímulo, bem como brindes para quem traz mais óleo”, diz a diretora Jaqueline Willemann Roecker.

Outro ponto de coleta em Rio Fortuna é a Escola Municipal José Boeing, que arrecada por mês vários litros do óleo de cozinha.  A diretora Romeli Darolt Machado diz que o projeto veio em boa hora. “Na região, é grande o uso do óleo, e não sabíamos como descartar de forma correta esse material. Muitos alunos do centro trazem à escola, guardamos até que a empresa responsável recolha e faça o aproveitamento.”

A reciclagem permite que o óleo passe a servir de matéria-prima para a fabricação de sabão, tintas e biodiesel, que são usados diariamente pelas pessoas. No interior, as próprias famílias reaproveitam o óleo para fazer sabão e alimentar os animais.  Já a empresa Biodiesel Sul, de Içara, é a única credenciada em Santa Catarina para fazer essa arrecadação. Eles têm capacidade de armazenar 600 mil litros de óleo por mês, mas só arrecadam 120 mil.

Na escola José Boeing, os alunos que mais trazem o óleo para a coleta são retribuídos com materiais didáticos. “Nós proporcionamos ao aluno o reconhecimento por sua atitude sustentável, também servindo como estímulo. Disponibilizamos lápis, canetas, cadernos a quem traz para escola o óleo de cozinha. É feito um controle administrativo dessa parte”, comenta a diretora.

Nos restaurantes, o volume de óleo usado na preparação dos alimentos é significativo. Por semana pode corresponder a 50 litros. E se somados aos demais restaurantes da região pode gerar praticamente em torno de 2.000 litros. O proprietário do Hotel e Restaurante Rio Fortuna, Ceno Buss, diz que há mais de cinco anos participa do programa de beneficiamento do óleo. “Todo mês o óleo é guardado para a empresa responsável recolher. O uso desse material no restaurante é indispensável, mas o descarte correto só depende de nós.”

De acordo com o gerente de Desenvolvimento Sustentáveis e Agricultura, Mário Jorge Danielski essas ações são a defesa do meio ambiente, pois é reaproveitado algo que seria nocivo para a natureza. “Dessa forma ajudamos a manter a qualidade dos nossos mananciais, do nosso solo, além de conscientizar as crianças, pais e professores para o manejo sustentável dos produtos industrializados”.



Instituído pela lei estadual nº 14.330, de 18 de janeiro de 2008, o Programa Estadual de Tratamento e Reciclagem de Óleos e Gorduras de Origem Vegetal, Animal e de Uso Culinário tem como objetivo a adoção de medidas de proibição de lançamento ou liberação de poluentes nas águas ou solo. O objetivo é conscientizar os alunos e a sociedade em favor do meio ambiente, favorecendo assim a exploração econômica da reciclagem dos óleos e gorduras em questão, desde a coleta, transporte e revenda, até os processos industriais de transformação, de maneira a gerar mais emprego e renda para os catarinenses.


São quatro argumentos que justificam esse projeto, que beneficia não só meio ambiente, mas sim todos que o habitam. O futuro do planeta depende das ações desenvolvidas, para que todos tenham melhor qualidade de vida.


Saiba mais

  • Um litro de óleo despejado nos rios polui até um milhão de litros de água.
  • O óleo contamina o solo e o lençol freático e também o impermeabiliza causando enchentes.
  • Quando o óleo chega ao oceano, em contato com a água salgada, libera gás metano, grande causador do efeito estufa e um dos responsáveis pelo aquecimento global.
  • Quando despejado no ralo pode provocar o entupimento das tubulações da rede de esgoto, aumentando em até 45% o custo do tratamento do esgoto.

Ouça trecho da entrevista com a diretora Romeli Darolt Machado




Por Késsia Meurer

Crescimento sustentável

Restos de borracha são reciclados e reaproveitados na construção de casas populares

Uma das preocupações da humanidade nos últimos tempos, além de fomentar o crescimento do país, é a conservação do meio ambiente. Por isso o homem tem cada vez mais investido no desenvolvimento sustentável. Embora ainda esteja num estágio relativamente baixo, grandes empresas, indústrias e, obviamente, o próprio ser humano, começaram a enxergar a necessidade de olhar cuidadosamente para o planeta.

E é por ter o pensamento voltado à sustentabilidade que empresas mudaram alguns princípios. O cuidado ocorre nas mais variadas áreas de atuação, gerando reflexos positivos inimagináveis para o meio ambiente. Dedicada à produção de artigos esportivos e ortopédicos, a fábrica do Grupo Hidrolight do Brasil, cuja matriz está instalada na cidade de Garopaba, já se dedica a estes cuidados.

Restos de E.V.A. (borracha) utilizadas para a produção de materiais de hidroginástica, por exemplo, estavam acumulados há alguns anos no pátio da empresa. Após passar uma temporada sem saber qual o melhor destino para o montante acumulado, os proprietários passaram a enviá-los à outra empresa, localizada em Tijucas, 55 quilômetros a norte de Florianópolis, conforme explica a diretora de Marketing do Grupo, Camila Borges.

Eles são triturados e transformados em brita leve que, posteriormente, é comprado pelo Governo Federal e utilizados na construção de casas populares. “Para o mesmo lugar que vai o pneu de carro é enviada a borracha”, explica, e acrescenta que “só existem quatro fábricas desta no Brasil”.

O procedimento deveria ser realizado pela empresa que vende a borracha para a Hidrolight. Porém, como a realidade é outra, já se estava, inclusive, idealizando a construção de um galpão anexado à fábrica para reciclagem deste material, segundo Camila. “A gente já estava pesquisando há uns dois anos sobre o que fazer com isso. Então nós achamos esta fábrica no início deste ano”, explica.

A empresa recebe resíduos de toda a região sul do país. Para a Hidrolight, os gastos são apenas com o transporte. “É mais do que obrigação do fabricante dar um destino ao lixo que sobra”, ressalta Camila.

O acúmulo deste lixo não acarreta em multa para os proprietários, pois não é depositado no meio na rua. Entretanto, a diretora salienta que “dentro (do lixo) pode ter criação de cobras, que daqui a pouco pega numa criança ou em cachorros. A gente tem que limpar, até para fazer nossa parte como cidadão”.

Em paralelo aos restos de E.V.A., a Hidrolight já utiliza papeis de reflorestamento nos folders e materiais de divulgação dos produtos, com o selo ISO 9001. O devido tratamento aos resíduos da produção na fábrica, além de colaborar com o meio ambiente através da reciclagem, é transformado em moradia para desabrigados em todo o país.

Integrando um ciclo de colaboração ser humano – meio ambiente – ser humano, é o homem o maior beneficiado com as boas ações. As atitudes de preservação conservam o planeta e proporcionam bem estar ao mesmo homem, gerando uma verdadeira reação em cadeia.


Ouça parte da entrevista com Camila Borges:



Por Heloiza Abreu

O caminho da reciclagem

Prefeitura de Gravatal promove coleta seletiva em parceria com as escolas

Atualmente uma das grandes preocupações da sociedade é com o destino do lixo. Segundo site do Grupo Bandeirantes, cada brasileiro produz de 600 gramas a um quilo de lixo por dia. Multiplicando este número pela população brasileira atual, são mais de 240 milhões de toneladas de lixo produzidos diariamente. De acordo com a associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), apenas 2% de todo este lixo é reciclado.

O processo de reciclar significa transformar objetos ou materiais usados em novos produtos para consumo. Hoje existem outras maneiras alternativas para o destino do lixo, além da reciclagem. A incineração, a queima, é a alternativa menos aceitável, pois provoca graves problemas de poluição atmosférica. A compostagem é outro processo que transforma o lixo orgânico em adubo.

A reciclagem é a forma mais eficaz de eliminação de resíduos, pois o material usado volta para o ciclo de produção e pode ser reutilizado. Além de trazer vários benefícios, como a economia de energia e a diminuição de lixo nos aterros e lixões. Os vários tipos de papeis, plásticos, metais e vidros, que podem durar de três meses a 10 mil anos para se decompor, são alguns exemplos de materiais recicláveis.

A regra dos 3 RS é uma maneira de ajudar as pessoas que desejam preservar o planeta. Significam reduzir, reutilizar e reciclar. Segundo essa teoria, o primeiro passo seria reduzir o que consumimos, depois reutilizar as coisas antes de jogá-las fora, para por fim reciclar. No entanto, a reciclagem não é a solução total para o problema do lixo. Ela apenas minimiza as consequências, pois nem todo tipo de lixo pode ser reciclado.

A coleta seletiva tem sido uma das grandes aliadas para aqueles que desejam reciclar. Através dela o lixo é separado para que seja enviado para reciclagem. O processo baseia-se em não misturar materiais recicláveis com o restante do lixo. A coleta pode ser feita por um cidadão sozinho ou organizada por comunidades.

Um projeto da Prefeitura Municipal de Gravatal, juntamente com a Secretaria de Educação, visa promover a coleta seletiva na cidade, através das escolas municipais e centros educacionais infantis (CEI). As escolas e os CEIs promovem campanhas para arrecadar materiais, que serão enviados para reciclagem.

A secretária de educação nos procurou, para saber se tínhamos interesse em participar do projeto. Colocou-nos a proposta e nós aceitamos. Organizamos uma reunião com os pais, para mobilizar as famílias sobre o projeto,” diz a diretora do CEI Mickeylândia, Angelita Veronez.

Ainda segundo a diretora, não são só os pais que estão ajudando. A comunidade e os comerciantes estão empolgados, já que possuem diversos materiais que podem ser reciclados, mas não sabem onde depositar para que possam ser enviados para a reciclagem.

O projeto funciona da seguinte maneira: as escolas e CEIs coletam o material durante a semana. Toda quinta feira, a empresa, que é terceirizada, passa e recolhe o que foi arrecadado. As instituições recebem uma porcentagem do que a companhia lucrar.  O dinheiro recebido é investido em melhorias nas escolas e CEIs.

As escolas municipais têm recebido extrema colaboração de seus alunos, no projeto. “A diretora nos reuniu no pátio e avisou que a partir daquele dia era para a gente levar materiais recicláveis secos para a escola,” diz a estudante da Escola de Ensino Fundamental Geraldina Maria Tavares, Karen Silva.

O resultado tem sido excelente, as mães dizem que as crianças vêm no caminho juntado coisas para trazer para a escola. E temos trabalhado com as crianças a importância da reciclagem, as conscientizando, já que serão elas a geração do futuro,” conta Angelita.

O dinheiro que irão receber pela colaboração, ajudará nas despesas e na compra de materiais novos para as instituições. “Além de ajudar o meio ambiente, a escola irá comprar bolas de futebol e vôlei novas, porque as que temos na escola estão furadas”, explica Karen.



Ouça parte da entrevista:


Por Hellen Amorin

Biocombustíveis: garantia de economia e sustentabilidade

Segundo Associação de Revendedores, a cada dez clientes, sete procuram por carros bicombustíveis


Os biocombustíveis são obtidos a partir de alguns vegetais de fontes renováveis, entre eles a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas e eucalipto. O aumento do interesse da população por veículos que usam fontes de energia renováveis tem gerado uma série de efeitos ambientais positivos. Entre eles, a redução das emissões de gases de efeito estufa, desmatamento e poluição. De acordo com análise feita pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, apresentada em fevereiro de 2010, houve uma redução de 57% das emissões de gases com o efeito de estufa, na comparação do biodiesel de óleo de soja com o diesel fóssil e biodiesel.

O álcool, como é conhecido popularmente o etanol como combustível, é menos inflamável e menos tóxico que a gasolina e o diesel. No Brasil, é produzido por biomassa e gerado a partir da cana-de-açúcar. A estudante de Engenharia Química da Unisul, Jéssica Calegari, ressalta que a principal vantagem do álcool é ser ecologicamente correto.  “Por ser de fonte renovável, o etanol não afeta a camada de ozônio, diferente da gasolina obtida do petróleo, que pode desaparecer em 50 anos”. A acadêmica lembra ainda que a fotossíntese dos canaviais colabora com a redução de gás carbônico na atmosfera.

Hoje em dia quem compra carro novo, na maioria dos casos, não hesita na hora de escolher um modelo flex. É o caso de Paulo José Goularte Júnior, de 28 anos. “Quem entende, sabe a importância de ter a opção de poder colocar os dois tipos de combustíveis. Tudo depende da época, do preço do combustível, e de onde vamos com o carro”, afirma. O motor do veículo flex é bicombustível e funciona a qualquer proporção na mistura de gasolina e etanol armazenados no tanque.

No Brasil, a produção dos automóveis flex começou em maio de 2003, quando a Volkswagen lançou o Gol 1.6 Total Flex. Dois meses depois, a concorrência se uniu para lançar um novo automóvel para a disputa. Chevrolet e Fiat juntas colocaram no mercado o Corsa 1.8 Flexpower.

A vendedora de automóveis Monique Thomas Nola acredita que as pessoas estão mais conscientes por conta dos programas ecológicos. “O pessoal está comprando porque o que mais se vê por aí é programa de conscientização. As pessoas estão preocupadas e isso está refletindo no modo como as fábricas produzem os veículos”. A maioria dos carros novos que estão sendo lançados no mercado tem apenas a opção flex.

Segundo Goularte, só a sensação de usar um combustível menos poluente já vale a pena. "O carro parece até ficar mais potente usando álcool, e mesmo que não vejamos a mudança diretamente, é importante levar em consideração que são pequenos atos que podem mudar o mundo”, comenta.

A ideia de utilizar os biocombustíveis vem agradando os consumidores, tanto pela sustentabilidade, quanto pelo fato de a maioria sair mais barato que os combustíveis tradicionais. Em tempos modernos é importante discutir formas alternativas de fontes de energia, levando em consideração a escassez do petróleo e o aquecimento global.


                              

Por Edivelton da Rosa

Aquecedor sustentável

Com baixo custo utilizando materiais reciclados, equipamento ajuda na economia de energia elétrica

O centro de educação infantil (CEI) Walt Disney já conta com um sistema de aquecimento solar confeccionado com materiais recicláveis. Além de ajudar o meio ambiente, utilizando garrafas pet e caixinhas de leite que iriam para o lixo, o aquecedor promove uma economia na energia elétrica, em beneficio da escola.

A comunidade arrecadou cerca de mil garrafas pet e mil caixinhas de leite para a produção do aquecedor ecológico, que esquenta a água dos chuveiros e da torneira da cozinha. A diretora Jaqueline Sandrini Cardoso diz que às vezes a água do aquecedor fica mais quente do que a água da torneira elétrica.


José Alcino Alano ajudando na confecção dos módulos para o aquecedor reciclável


Os demais materiais utilizados para a fabricação do aquecedor, como canos e máquinas para cortar as garrafas e caixas d’água, foram doados pela Tractebel, que em parceria com o Rotary Clube fizeram um curso para os pais e funcionários da escola. Com duração de quatro dias, o treinamento ensinou como fabricar o aquecedor solar. A diretora diz que a escola não teve nenhum gasto.

A Tractebel e o Rotary Clube acompanharam todo o processo de criação. Em algumas noites da semana eram feitas oficinas na escola com a participação da diretora, dos pais e algumas pessoas da Tractebel e do Rotary, que ajudavam a cortar as garrafas, a pintar as caixinhas de leite e a confeccionar os módulos.
Muitos pais que aprenderam a fazer o aquecedor nessas oficinas aderiram à ideia e começaram a fazer em suas próprias casas.  A escola ainda não sabe exatamente quanto o aquecedor vai diminuir os gastos, pois o mesmo foi instalado há menos de um mês.

O criador do aquecedor é o eletromecânico aposentado José Alcino Alano de Tubarão.  Em 2004, o projeto de Alano ganhou reconhecimento público. A invenção recebeu o “Prêmio Superecologia”, da revista Super Interessante. Hoje ele viaja o Brasil fazendo demonstração de seu projeto. 


José Alcino Alano diz que, dependendo da região, as garrafas PET e as caixas de leite resistem por aproximadamente seis anos, mas a caixa d’água e as tubulações em PVC serão reutilizadas mais de uma vez. 

O aquecedor pode economizar em média 30%, mas isso depende muito do tempo de banho e da quantidade de eletrodomésticos de cada residência.


O CEI Borboleta azul será a próxima instituição a contar com o aquecedor. Nas demais escolas que demonstrarem interesse, a Tractebel continuará arcando com os custos. Porém quem irá acompanhar todo o processo de montagem será a diretora da Walt Disney e a da Borboleta Azul, as primeiras a receber o projeto.


Ouça parte da entrevista:




Por Ana Paula Hemkemeier

Economia solidária

Um novo modelo econômico e social que garante sustentabilidade ambiental e geração de renda

O projeto economia solidária foi implantado na América Latina em torno da década de 1970. Em Santa Catarina, a proposta passou a ser desenvolvida nos anos de 1990 com base nos movimentos comunitários quando o padrão de consumo e o modelo econômico pautaram novos desafios à realidade vivida pelos brasileiros.

A organização dos grupos na economia solidária está baseada na pequena empresa comunitária, na agricultura familiar, no trabalho doméstico, autônomo e nas cooperativas.  Os grupos organizam os espaços de produção e buscam a superar os desafios do mercado e viabilizam sua competitividade, constituindo-se como uma opção às relações comerciais.

Trata-se de outro modelo econômico diferenciado do mercado capitalista, em que os pequenos produtores ou grupos com menor estrutura de produção constroem as próprias opções comunitárias de compra de material, produção da matéria prima, desenvolvimento de produtos para comercialização e constroem assim sua existência através de relações de solidariedade.

Em 2007 o Governo Federal realizou um mapeamento e elencou mais de 22 mil iniciativas de economia solidária no território nacional.  Entre estes investimentos estima-se que mais de 1,7 milhão de trabalhadores estejam na direção destes empreendimentos como proprietários.

“A economia solidária está ligada ao coletivo, mas ainda não é unanimidade entre os estudiosos e nem mesmo entre os grupos que desenvolvem trabalhos utilizando o modelo da economia solidária. Assim, como nos demais modelos econômicos e naquele que predomina hoje na sociedade existem várias tendências”, nos conta o professor Dimas de Oliveira Estevam.

Inicialmente grupos cooperativistas desenvolvedores de projetos sociais ou produtores de um novo modo de consumo adotam o modelo da Economia Solidária desde o desenvolvimento de suas atividades produtivas e utilizam este novo jeito de produzir e consumir colocando assim em pauta um contraponto com o atual modelo de consumo e aponta a possibilidade de equilíbrio em diversas esferas. 

No trabalho realizado pelo Governo Federal, dados apontam que entre 2001 e 2007  mais de 10 mil empreendimentos foram criados sendo abertos mais de 800 mil postos de trabalho.

Um panorama geral das iniciativas chama atenção não apenas pelo número de investimentos, mas pela concentração dos grupos em determinados espaços da sociedade.   “As iniciativas de economia solidária ainda estão mais ligadas às esferas de produção agrícola, artesanal, industrial e de serviços financeiros. Essas iniciativas englobam o modelo num todo desde o consumo, a produção e o intercâmbio para formação e comercialização”, acrescenta Estevam.

A organização dos grupos de economia solidária e sua vivência é um processo lento e exige muito também dos que já aderiram à prática e inserem-se neste modelo.   Além de provocar uma discussão sobre os modos de viver e produzir, sob o modelo da autogestão e solidariedade como um ato educativo, fortalecer o Fórum de Economia Solidária na região e demais espaços de mobilização social são os desafios apontados no projeto.

O filósofo Euclides André Mance, estudioso da economia solidária, defende a formação de redes. “Organizar redes de economia solidária é a melhor estratégia de desenvolvimento sustentável para reorganizar os fluxos econômicos de um território visando assegurar o bem-estar de todos.” O processo de produção requer também a apresentação de um modelo não impositivo, mas algo que implique em um diferencial para adesão, como estratégia de promoção do desenvolvimento local e territorial sustentável.

A realização de feiras amplia os espaços de comercialização.

O consumo sustentável está atrelado também ao modelo de produção proposto na Economia Solidária e vem se apresentando não só com um projeto social, mas como um modo de vida. A orientação é para o uso correto dos recursos naturais e práticas sustentáveis do consumo.

Estevam destaca também a responsabilidade ambiental como beneficio. “Todos os grupos de trabalho e as experiências tem sido desenvolvidas a partir da sustentabilidade ambiental, com o consumo responsável dos bens e comercialização com condições de acesso a um maior número de pessoas, além da valorização do espaço em que estes estão inseridos”, salienta o professor.

A sustentabilidade estimula as responsabilidades nos aspectos relacionados à vivência humana e à sobrevivência das espécies neste ambiente. A economia solidária é uma estratégia na relação sociedade humana e natureza. A sustentabilidade ligada a este novo sistema de organização, produção e comercialização  pode ser considerado um  modelo econômico, político, social, cultura  e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais em comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.



Por Aline Nandi

Entulho no lugar certo

A construção civil gera sustentabilidade ao reaproveitar materiais de demolição

De acordo com a Receita Federal, construção civil é conceituada como "a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo. A área da construção civil realiza atividades referentes às funções de planejamento e projeto, execução, manutenção e restauração de obras em diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos, aeroportos, túneis, obras de saneamento entre muitos outros.

As construções, embora ganhem formas diferentes, produzem muito lixo. Por outro lado a construção civil é responsável por colocar no mercado de trabalho milhares de pessoas, gerando assim um grande aumento na economia brasileira. O lixo, quando não reciclado corretamente, causa poluição do ar e contaminação da água.

Há aproximadamente 10 anos o braçonortense, Waldair Ceolin deixou de lado o bar onde era proprietário para dedicar-se ao trabalho de reciclagem com resíduos da construção civil. Iniciou o recolhimento com apenas 10 caixas, e hoje já são 130 container espalhados pelos municípios de Braço do Norte, São Ludgero, Gravatal, Rio Fortuna e Grão Pará. Com o recolhimento em média de oito caixas por dia, ele é o único na região que trabalha com reciclagem na construção civil.

Restos de cimento, tijolo e telhas são reaproveitados para fazer aterros de  construções, evitando assim o uso de terra. O entulho reciclado além de preservar o meio ambiente tem custo mais acessível que a escavação.

Lixo produzido pela construção civil pode ser reciclado.

Já na parte de jardinagem, os galhos de árvores, pasto e madeira são levados para um aterro onde  a madeira  se transforma em “cavaco” utilizado em olarias e do restante grande parte é queimada.
Waldair  explica que a parte química é dividida em duas classes, sendo que a classe um ficam os materiais contaminados, como lâmpadas, borra de gesso, tinta, estopa e óleo. Estes são recolhidos e enviados para um aterro industrial, que se localiza na cidade de Joinvile. Os materiais como plástico, papelão com borra de gesso e tinta pertencem à classe dois. Ao serem reciclados, são encaminhados para Içara. Após ser aterrado esse tipo de lixo  cria uma espécie de gás reaproveitável para  a indústria.

Para Waldair, as pessoas e muitas empresas ainda não se conscientizaram da importância de reciclar. “No futuro o preço que a natureza cobrará por tanta poluição com certeza vai sair caro”. Além de colaborar com o meio ambiente, o trabalho realizado pela Manos Entulhos, empresa de recicláveis de Waldair, gera lucros para  a família. A solução seria triturar os resíduos. Nas grandes metrópoles os entulhos são transformados em areia industrial, um componente usado para a fabricação da argamassa.

Para o engenheiro florestal André Leandro Richter, o solo sofre um grande impacto. Com a construção civil a cidade fica sem tendência a vegetação. ”Os entulhos que não têm destino certo acabam agregando ninhos de formigas. Isso no meio urbano é um problema, pois este tipo de inseto anda de 300 a 400 metros e pode levar bactérias para os hospitais, causando infecção hospitalar”, enfatiza engenheiro.


Ouça parte da entrevista com Waldair Ceolin:



Por Adriane Lemes