segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Equilíbrio com sustentabilidade e responsabilidade


Quando se fala em uso excessivo de agrotóxico, logo em seguida atribui-se a culpa aos agricultores, o que nem sempre é justo. Geralmente, os responsáveis estão distribuídos em toda sociedade, representada principalmente pelos consumidores. Em muitos casos, estes valorizam mais a aparência do que a qualidade dos alimentos. Mas também o governo tem responsabilidade por não adotar um sistema de gestão do uso de agrotóxicos tecnicamente mais adequados.

É preciso que o consumidor saiba que na agricultura tem vários sistemas de produção de alimentos com referência ao uso de agrotóxicos, conforme relata o engenheiro agrônomo Geraldo Boêger Eller. Entre esses sistemas estão o orgânico, o convencional de produção integrada, o convencional não integrado e não transgênico e o convencional transgênico.

De acordo com Eller, o sistema orgânico é aquele em que não se utilizam agrotóxicos e que proporciona a produção de alimentos com melhor qualidade nutricional, além de segurança alimentar e ambiental. É preciso que o consumidor entenda que o alimento orgânico não é mais caro que o alimento convencional. Apenas que possui um preço maior por quilo de produto, o que é compensado pela qualidade superior.

O integrado é um sistema convencional em que se utiliza agrotóxico, porém sempre respeitando a legislação. Os usos de diversas técnicas agronômicas permitem um bom controle no uso de insumos e eficiência técnica, com qualidade de alimentos e ambiental razoável.

O sistema convencional não transgênico é mais comum. Utilizam-se agrotóxicos e outras técnicas, porém não são usada sementes transgênicas. A qualidade dos alimentos é variável de acordo com o manejo adotado na lavoura.  O impacto ambiental é observado mais frequentemente.

Já o sistema convencional transgênico utiliza agrotóxicos disponíveis e considerados necessários, além de sementes transgênicas. A qualidade dos alimentos e o impacto ambiental são pouco conhecidos ainda e dependem de vários fatores, como clima, solos, manejo e outros.          

O consumidor precisa habituar-se a consumir alimentos com critérios de qualidade nutricional e reduzir o hábito de adquirir aquilo que é apenas mais bonito e mais barato. “Na minha casa consumimos de preferência sempre produtos orgânicos, valorizando a procedência e a sustentabilidade ambiental, diz a dona de casa Adelina Sartor Nandi.

Segundo o produtor rural Olírio Viel, a maioria dos problemas pode ser solucionada com medidas simples, como educação e fiscalização. Agricultores bem informados respeitando o meio ambiente e dando o destino certo das embalagens e com noção sobre efeitos dos agrotóxicos saberiam adquiri-los e aplicá-los de forma adequada. Enquanto isso, os órgãos governamentais competentes garantiriam os níveis corretos dos produtos de qualidade, com composição conhecida não contendo resíduos nocivos a saúde e gerando sustentabilidade, em agregação de valores entre emprego e renda familiar, explica.

Por Lindomar Bonelli

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