segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Economia solidária

Um novo modelo econômico e social que garante sustentabilidade ambiental e geração de renda

O projeto economia solidária foi implantado na América Latina em torno da década de 1970. Em Santa Catarina, a proposta passou a ser desenvolvida nos anos de 1990 com base nos movimentos comunitários quando o padrão de consumo e o modelo econômico pautaram novos desafios à realidade vivida pelos brasileiros.

A organização dos grupos na economia solidária está baseada na pequena empresa comunitária, na agricultura familiar, no trabalho doméstico, autônomo e nas cooperativas.  Os grupos organizam os espaços de produção e buscam a superar os desafios do mercado e viabilizam sua competitividade, constituindo-se como uma opção às relações comerciais.

Trata-se de outro modelo econômico diferenciado do mercado capitalista, em que os pequenos produtores ou grupos com menor estrutura de produção constroem as próprias opções comunitárias de compra de material, produção da matéria prima, desenvolvimento de produtos para comercialização e constroem assim sua existência através de relações de solidariedade.

Em 2007 o Governo Federal realizou um mapeamento e elencou mais de 22 mil iniciativas de economia solidária no território nacional.  Entre estes investimentos estima-se que mais de 1,7 milhão de trabalhadores estejam na direção destes empreendimentos como proprietários.

“A economia solidária está ligada ao coletivo, mas ainda não é unanimidade entre os estudiosos e nem mesmo entre os grupos que desenvolvem trabalhos utilizando o modelo da economia solidária. Assim, como nos demais modelos econômicos e naquele que predomina hoje na sociedade existem várias tendências”, nos conta o professor Dimas de Oliveira Estevam.

Inicialmente grupos cooperativistas desenvolvedores de projetos sociais ou produtores de um novo modo de consumo adotam o modelo da Economia Solidária desde o desenvolvimento de suas atividades produtivas e utilizam este novo jeito de produzir e consumir colocando assim em pauta um contraponto com o atual modelo de consumo e aponta a possibilidade de equilíbrio em diversas esferas. 

No trabalho realizado pelo Governo Federal, dados apontam que entre 2001 e 2007  mais de 10 mil empreendimentos foram criados sendo abertos mais de 800 mil postos de trabalho.

Um panorama geral das iniciativas chama atenção não apenas pelo número de investimentos, mas pela concentração dos grupos em determinados espaços da sociedade.   “As iniciativas de economia solidária ainda estão mais ligadas às esferas de produção agrícola, artesanal, industrial e de serviços financeiros. Essas iniciativas englobam o modelo num todo desde o consumo, a produção e o intercâmbio para formação e comercialização”, acrescenta Estevam.

A organização dos grupos de economia solidária e sua vivência é um processo lento e exige muito também dos que já aderiram à prática e inserem-se neste modelo.   Além de provocar uma discussão sobre os modos de viver e produzir, sob o modelo da autogestão e solidariedade como um ato educativo, fortalecer o Fórum de Economia Solidária na região e demais espaços de mobilização social são os desafios apontados no projeto.

O filósofo Euclides André Mance, estudioso da economia solidária, defende a formação de redes. “Organizar redes de economia solidária é a melhor estratégia de desenvolvimento sustentável para reorganizar os fluxos econômicos de um território visando assegurar o bem-estar de todos.” O processo de produção requer também a apresentação de um modelo não impositivo, mas algo que implique em um diferencial para adesão, como estratégia de promoção do desenvolvimento local e territorial sustentável.

A realização de feiras amplia os espaços de comercialização.

O consumo sustentável está atrelado também ao modelo de produção proposto na Economia Solidária e vem se apresentando não só com um projeto social, mas como um modo de vida. A orientação é para o uso correto dos recursos naturais e práticas sustentáveis do consumo.

Estevam destaca também a responsabilidade ambiental como beneficio. “Todos os grupos de trabalho e as experiências tem sido desenvolvidas a partir da sustentabilidade ambiental, com o consumo responsável dos bens e comercialização com condições de acesso a um maior número de pessoas, além da valorização do espaço em que estes estão inseridos”, salienta o professor.

A sustentabilidade estimula as responsabilidades nos aspectos relacionados à vivência humana e à sobrevivência das espécies neste ambiente. A economia solidária é uma estratégia na relação sociedade humana e natureza. A sustentabilidade ligada a este novo sistema de organização, produção e comercialização  pode ser considerado um  modelo econômico, político, social, cultura  e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais em comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.



Por Aline Nandi

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