segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sustentabilidade: um trabalho de conscientização

Pequenas medidas podem fazer a diferença no padrão de vida

No corre-corre do dia-a-dia da sociedade capitalista vivemos em busca do tempo, tão escasso ultimamente. Acordamos ao som de buzinas dos carros que congestionam diariamente as grandes cidades. Esquecemos os meios alternativos de deslocamento e optamos pelos automóveis. É um vai e vem constante serpenteando entre os prédios das cidades, lotando ruas e avenidas em busca de alguns minutos a mais em nossos dias.

Esta realidade traduz o colapso do planeta, a falta de espaço físico para tantas máquinas e prédios. Respiramos um ar poluído, recebemos altas taxas de raios ultravioleta, devido ao imenso buraco causado na camada de ozônio. Árvores são raras de se encontrar e as poucas que restam encontram-se ameaçadas pela poluição e a expansão das cidades.

Muito se fala da falta de novos acessos, de adaptação das vias para melhorar o escoamento do trânsito e quase nada da necessidade de conscientização por parte dos cidadãos em preservar o meio ambiente. Deixar a comodidade de lado e fazer uso de transportes coletivos ou meios menos poluente, como o ciclismo ou a prática da caminhada raramente é discutida.

Envelhecimento com saúde e o amor pelo esporte foram uns dos motivos que levaram o médico nefrologista, Celso Lufchitz, a adotar um comportamento ecologicamente correto. “Criciúma é uma cidade muita compacta, tudo muito perto. Então eu vislumbrei que conseguia me deslocar para os meus locais de trabalho de bicicleta em três ou cinco minutos, enquanto as outras pessoas pegavam congestionamento. A bicicleta me ajuda demais”, destaca.

Lufchitz relata que adotou práticas autossustentáveis há seis anos. Inicialmente ia e voltava do trabalho correndo, e que com o passar do tempo adotou a bicicleta nos dias em que não chove.

A rotina de trabalho, que concilia em quatro lugares diferentes, segundo o médico, se tornou menos cansativa com o padrão de vida alternativo. “Saí do consultório. Foi um dia super pesado, de cabeça cheia. Agora já estou leve, pensando em fazer a minha corrida de hoje à noite”, compartilha Lufchitz, após cumprir as atividades diárias: duas horas de consultoria médica, atender pacientes durante as seções de hemodiálise da Nefroclínica, realizar as consultas particulares e as seções de litotripsia do Centro de Tratamento de Cálculos Renais de Criciúma.

Para o nefrologista, o problema do país é a falta de educação no trânsito. “Se eles te atropelarem você foi apenas mais um a ficar todo machucado. A lei não pune”. Segundo ele, os carros passam muito perto ameaçando a vida dos ciclistas e os pedestres não são respeitados. “Para andar de bicicleta tem de ser muito corajoso. Não tem pista, nem sinalização. Os motoristas acham que estamos atrapalhando o trânsito”, salienta Lufchitz.

Em 2010 o estado atingiu a marca de 39.677.200 veículos automotores registrados no Departamento de Trânsito de Santa Catarina, Detran-SC. Segundo o presidente da Autarquia Segurança Trânsito e Transporte de Criciúma, ASTC, Mauro César Sonego, a cidade precisou passar por melhorias para conseguir comportar o número de veículos circulando. “Implantamos o sistema de estacionamento rotativo, no qual o condutor paga uma taxa pelo tempo de permanência na vaga. O sistema de transporte coletivo passou por melhorias e uma nova frota de veículos foi adquirida”, destaca.

De acordo com Sonego, Criciúma não tem infraestrutura para comportar o fluxo de veículos diário da cidade. “Foi desenvolvido o Anel Viário Externo para desviar os transportes de carga e a via expressa do ônibus foi totalmente concretada para melhorar e aliviar o tráfego”, explica.

Entre os usuários do transporte coletivo, as queixas são diversas: super lotamento nos horários de pico, falta de lugares para idosos, adequação dos veículos para portadores de deficiência e más condições de alguns veículos. “Tem pouco ônibus e muita gente, demora muito para vir. Quando vêm um, vêm um atrás do outro. A gente tem de ficar muito tempo na parada esperando”, afirma a costureira Luiza Girai.

Sonego destaca que o transporte coletivo do município é modelo, pois conta com a Avenida Centenário, que liga os dois extremos da cidade, além do sistema de tarifas que permite circular entre um terminal a outro sem ter que pagar taxas adicionais. Em 2011, foi realizada a recuperação das placas de sinalização do trânsito para facilitar o deslocamento na cidade.


Para Lufchitz, o Brasil tem muito a aprender com outras nações. “Lá na Europa, por exemplo, o ciclismo é muito mais valorizado, muito mais respeitado. Um problema em Criciúma e no país como um todo é que o pessoal não tem educação no trânsito”, afirma o médico, ao defender que a mudança está nas mãos das futuras gerações. “Os meus filhos são muito rigorosos na separação de lixo, na prática sustentável e ecologicamente correta, porque já cresceram com esses hábitos, foram educados para isso”, completa.


Ouça parte da entrevista com Celso Lufchitz:



Por Daiana Carvalho

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